Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Clarice Lispector
Escrevo como se estivesse dormindo e sonhando: as frases desconexas como no sonho. É difícil, estando acordado, sonhar livremente nos meus remotos mistérios.Clarice Lispector

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo...


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.



Feliz 2012!





terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DESABAFO DE UMA MULHER MADURA




Quando menina esperava um dia ter um namorado... seria bom se fosse alegre e amigo...
Quando tinha 18 anos, encontrei esse garoto e namoramos; ele era meu amigo, mas não tinha paixão por mim. Então percebi que precisava de um homem apaixonado, com vontade de viver, que se  emocionasse...
Na faculdade saía com um cara apaixonado, mas era emocional demais. Tudo  era terrível, era o rei  dos problemas, chorava o tempo todo e ameaçava suicidar-se.  Descobri então, que precisava de um rapaz estável.
Quando tinha 25 anos encontrei um  homem bem estável, sabia o que queria da vida; mas era muito chato: queria sempre as mesmas coisas - dormir no mesmo lado da cama, feira no sábado e  cinema no domingo. Era totalmente previsível e nunca nada o excitava. A vida tornou-se tão monótona que decidi que precisava de um homem mais excitante.
Aos 30, encontrei um tudo de bom, brilhante, bonito, falante e excitante, mas não consegui acompanhá-lo. Ele ia de um lado para o outro, sem se deter em lugar nenhum. Fazia coisas  impetuosas, paquerava com qualquer uma e me fez sentir tão miserável, quanto feliz. No começo foi divertido e eletrizante, mas sem futuro. Decidi buscar um homem com alguma ambição para com ele construir uma vida segura.
Procurei bastante, incansavelmente...
Quando cheguei aos 35, encontrei um  homem inteligente, ambicioso e com os pés no chão.  Apartamento próprio, casa na praia, carro importado......solteiro e sem  rolos!
Pensei logo em casar com ele. Mas era  tão ambicioso que me trocou por uma herdeira...
Hoje, depois de tudo isso, aos 40 anos,  gosto de homens com pinto duro...
E só!
Nada como a simplicidade...

Obs: desconheço a autoria...

sábado, 10 de dezembro de 2011

A idade de casar....Martha Medeiros


30 de junho de 1998

O amor pode surgir de repente, em qualquer etapa da vida, é o que todos os livros, filmes, novelas, crônicas e poemas nos fazem crer. É a pura verdade. O amor não marca hora, surge quando menos se espera. No entanto, a sociedade cobra que todos, homens e mulheres, definam seus pares por volta dos 25 e 30 anos. É a chamada idade de casar. Faça uma enquete: a maioria das pessoas casa dentro dessa faixa etária, o que de certo modo é uma vitória, se lembrarmos que antigamente casava-se antes dos 18. Porém, não deixa de ser suspeito que tanta gente tenha encontrado o verdadeiro amor na mesma época.


O grande amor pode surgir aos 15 anos. Um sentimento forte, irracional, com chances de durar para sempre. Mas aos 15 ainda estamos estudando. Não somos independentes, não podemos alugar um imóvel, dirigir um carro, viajar sem o consentimento dos pais. Aos 15 somos inexperientes, imaturos, temos muito o que aprender. Resultado: esse grande amor poderá ser vivido com pressa e sem dedicação, e terminar pela urgência de se querer viver os outros amores que o futuro nos reserva.


O grande amor pode, por outro lado, surgir só aos 50 anos. Você aguardará por ele? Aos 50 você espera já ter feito todas as escolhas, ter viajado pelo mundo e conhecido toda espécie de gente, ter uma carreira sedimentada e histórias pra contar. Aos 50 você terá mais passado do que futuro, terá mais bagagem de vida do que sonhos de adolescente. Resultado: o grande amor poderá encontrá-lo casado e cheio de filhos, e você, acomodado, terá pouca disposição para assumí-lo e começar tudo de novo.


Entre os 25 e 30 anos, o namorado ou namorada que estiver no posto pode virar nosso grande amor por uma questão de conveniência. É a idade em que cansamos de pular de galho em galho e começamos a considerar a hipótese de formar uma família. É quando temos cada vez menos amigos solteiros. É quando começamos a ganhar um salário mais decente e nosso organismo está a ponto de bala para gerar filhos. É quando nossos pais costumam cobrar genros, noras e netos. Uma marcação cerrada que nos torna mais tolerantes com os candidatos à cônjuge e que nos faz usar a razão tanto quanto a emoção. Alguns têm a sorte de encontrar seu grande amor no momento adequado. Outros resistem às pressões sociais e não trocam seu grande amor por outros planos, vivem o que há pra ser vivido, não importa se cedo ou tarde demais. Mas grande parte da população dança conforme a música. Um pequeno amor, surgido entre os 25 e 30 anos, tem tudo para virar um grande amor. Um grande amor, surgido em outras faixas etárias, tem tudo para virar uma fantasia.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Noites....


Eram inúteis todas as noites
Impotentes
Escuras como breu
Em noites de lua...
Imponentes
Que se calam as lágrimas
Noites de lua cheia
Céu estrelado
Além da visão
Observo
Contemplo
Descrevo-te...
Forte, doce...
Intenso
Turbilhões de sentimentos...

Delírios...



Delírios sonantes

Segredos revelados
Devaneios
Beijos resvalados
Ofertados
Roçar de mãos
Que desperta suspiros
Palavras soltas
Murmúrios abafados
Pele suada e deslizante...
Sedenta de sua língua inquieta
Explorando escaldantes recantos...
Faz roteiros de loucura
Doce e longo passeio
Arrepios
Estremecimento
Prazer gritante
Êxtase
Que estremece a alma

domingo, 4 de dezembro de 2011

Auto-retrato...


 
Quem eu sou?... Boa pergunta!?
 Talvez alguém que vive em uma busca constante entre o real e o imaginário.
Uma alma fragmentada!
Alguém que quando escreve se descreve. Desnuda seus anseios, num momento onde a alma é acariciada. Liberta!
Uma liberdade de sentimentos...
Despindo-se torna borboleta e ganha asas, alçando vôos até então impensados.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Envolvente...


Em noites escuras do breu!
Vidros embaçados
Burlados
Ar suspirado...
Loucura galopante...
Envolvente
Eloquente
Insondável
Coração em ondas palpáveis...

domingo, 27 de novembro de 2011

Madrugada...



Meu corpo

Tem um quê de saudade
Tem um quê de vontade
De seu corpo despido
Oferecido
Escandalizado
Encantado
Sensação de proibido
Fugaz
Metamorfose de sentimentos
Explosão de cores fortes
Vibrantes...
Ao breu total...

Roseli A.